Pedro gostou de Fátima, uma portuguesa que vivia na Holanda, desde a primeira teclada. Ela era divertida, alegre, inteligente. Desaparecia de tempos em tempos, mas depois voltava e coisa virou amor. Bem mais dele do que dela. Não encontrava mulher assim no Brasil.
João, brasileiro que fazia pós-graduação em Londres, e amigo de infância de Pedro teclava com John (João e John, que coincidência!!), mas com o codinome de Célia, uma carioca quente e sexuada. Não era fácil para John acreditar que Célia não tivesse uma câmera para que a virtualidade fosse ainda mais quente. João, no entanto, era apaixonado desde-de-a-infância por seu amigo Pedro, que continuou morando com os pais em São Paulo. A bem da verdade, nunca houve nada entre os dois, a não ser brincadeiras na infância. Mas Pedro ‘ficou’ inteiramente heterossexual e a coisa não andou.
Fátima, isso Pedro ainda não sabia, tinha algo que os psiquiatras chamavam de bipolaridade, o que explicava os períodos de desaparecimentos, justificados pelo estudo e trabalho intensos. Mas Pedro, apaixonado que estava, vasculhou o Orkut de Fátima e ficou amigo de uma outra brasileira que também morava em Amsterdã. Clara era uma baiana, casada com um artista francês, e entediada com as horas e horas de solidão com o marido pintor e rico, não saia da frente do computador. Pedro, então, interessado na vida na Europa, do ponto de vista de uma brasileira, começou a conversar com Clara pela internet. O intuito (e foram precisos meses para atingi-lo...) era, evidentemente, saber de Fátima.
Fátima conheceu Claude, o francês marido de Clara, numa vernissage e adorou os quadros radicalmente coloridos e tropicais, produção gerada pela paixão que tinha por Clara. Clara era uma garota de programa em Salvador, cidade que Claude passou as férias de verão europeu e meses depois ele se casou com ela no Brasil e na Holanda, com família e tudo mais. Claude, na verdade e nem ele sabia disso, fez o que sempre desejara: se casar com uma puta. Não acreditava que isso tivesse implicações maiores.
Fátima logo ficou amiga de Clara, uma mulher solar vivendo um tanto quanto melancolicamente na Europa. E Clara pre-ci-sa-va falar português de vez em quando, mesmo que fosse português de Portugal. E as duas se encontravam na melancolia... E quando Fátima ficava animada, Clara achava que a Bahia entrava pela porta... E Fátima facilitou a vida de Clara por lá, apresentou amigos e coisa e tal.
Um dia falou de Pedro para Clara, que, por sua vez, tinha amigos virtuais até onde sua capacidade lingüística chegava. Pedro de São Paulo? Seria o mesmo?
Pedro, ao ser inquirido por Fátima, disse que tudo era uma enorme coincidência, mas aí ele já sabia que Fátima tinha uma bipolaridade, que era tratada por um ótimo médico, etc. Começou a ‘desencanar’ de Fátima e se interessar por Clara que parecia mais autenticamente alegre.
John, por sua vez, precisava conhecer Célia. João fotografou uma amiga brasileira, na praia, quando veio ao Brasil. E não teve duvida: enviou as fotos em poses sou-gostosa para John. Este enlouqueceu de paixão e sei lá mais o quê. Queria por que queria ir para Londres conhecer essa maravilhosa mulher. E o amor aumentava quanto mais Célia se fazia de misteriosa.
Muitos outros personagens entraram na história. Ela teve momentos felizes e infelizes. Mas todos eles tinham uma impressão fantástica de atravessar o planeta e que era possível, finalmente, realizar o amor – feliz ou infeliz – universal. E era isso o que importava, era isso o que os unia....
4 de janeiro de 2010
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