Olhava meu filho com a namorada pelo reflexo da tela do computador.
O fato é: ele é uma sombra, um rascunho, um projeto. Na tela, esse esboço aparecia nuançado, sem a namorada, que ria e ria.
Ele tentava, ou não, sair da adolescência. Eu esperava o dia de dizer: "esse é meu filho". Se possível com um ponto de interrogação. Como era possível ele ser assim, tão diferente de mim?
A beleza absurda lá estava, de alguma genética perdida, já que nem eu, nem a mãe somos seres dotados de qualquer estética diferenciada. Aliás, as duas famílias são absolutamente comuns. Ele não é especialmente inteligente, mas estranhamente arguto. O mais estranho, entretanto, é a capacidade de se desligar da realidade. Sempre voando, voando em mundos muito raramente comunicados para os pais.
Lia sobre civilizações antigas, sobre cenários e espécies da pré-história, cidades góticas... E sobre astronomia, astrologia, seitas ocultas.
Eu e a mãe dele, juntos, falamos sobre o "onde foi que erramos?"
Perguntamos-nos sempre se "isso" poderia desaguar em alguma profissão...
25 de maio de 2010
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